domingo, 17 de abril de 2011

Ervamoira


“…Esta terra laminada, seca, de uma aridez escaldante! (...) aqui não existe qualquer suavidade. A vinha exige a rocha mais dura e, onde se instala, só há lugar para ela. Nem um tufo de erva, nem uma florzinha nas cepas. Pergunto-me como é que os homens conseguiram ser tão visionário, tão tenazes e tão corajosos para perseverarem nestas ravinas onde se congela no Inverno e se coze no Verão, e onde parece que a pedra é imprópria para qualquer cultura. Foi preciso parti-la a martelo, construir socalcos, consolidá-los com muretes e todo este trabalho não amaciou a rocha. Os holandeses venceram o mar com os polders, mas, uma vez esvaziados, trabalhados e cuidados, humanizaram-se. Dão celeiros cheios de trigo e milhares de flores. A vinha continua ingrata e avarenta. É o solo mais escabroso que dá a melhor uva, e a uva mais avarenta que dá o melhor vinho. A vinha detesta as terras ricas e férteis, a doçura e a facilidade. Precisa do vulcão, do xisto ardente; precisa da solidão, do silêncio, desta intensidade que por vezes faz vibrar o vale…”

O Douro e o Vinho do Porto contado através da história de uma família, desde o desastre da Ponte das Barcas, até aos anos 60.
É um romance da Suzanne Chantal e por mim ele não acabava...

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