sábado, 21 de dezembro de 2013

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

As laranjas de Angola e como uma "besuga" me calou




Mangas, bananas, goiabas, mamões, sape-sape, anonas, pitangas, maboques, cocos, abacates, laranjas… as doces laranjas do Loje… (pausa para agradecer a Deus e aos meus pais o privilégio de ter crescido em Angola), no que respeita à fruta esta era a minha realidade. 

A meio da adolescência apareceu no Colégio, uma colega acabadinha de chegar de Lisboa.

Branquinha, rosadinha, de olhos azuis e laçarote no alto da cabeça. A típica “besuga”, nome que nós dávamos às pessoas que iam da Metrópole e não tinham a nossa cor permanentemente bronzeada.

Ficou na minha mesa e as refeições eram uma chatice, com ela sempre a desdenhar “mamão? Que coisa mais esquisita… não sabe a nada. Bananas, anonas, goiabas? Não gosto!”

Até que um dia nos puseram laranjas na mesa. E a chata: “devem ser azedas”. “Não! São muito doces, experimenta”. E a besuga a insistir “São azedas, não vêm como são amarelas?” Então, eu cheia de uma infinita e paciente tolerância pergunto-lhe “Olha lá, de que cor queres tu que sejam as laranjas?”. “Cor-de-laranja” responde ela.      
Em 1971, acabado de chegar a Luanda, o meu "besuguinho" querido, lourinho, branquinho e rosadinho. A brincar com as laranjas amarelas.... de que outra cor haviam de ser as laranjas?

Alexandre O'Neill nasceu no dia 19 de Dezembro de 1924

Auto-retrato

O’Neill (Alexandre), moreno português, ...

cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.

Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)

No amor? No amor crê (ou não fosse ele O’Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil

que são a semovente estátua do prazer.
Mas sofre de ternura, bebe de mais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse...

Versão musical do Calendário do Advento. Dia 19. Andrea Bocelli e Natalie Cole - Christmas song live 2009


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Aqui está o verdadeiro espírito natalício

O Carlos, pitosga e distraído, foi contra o vidro da porta da garagem de um Centro Comercial e fez um golpe profundo no nariz. O sangue espirrou e pingou para o chão enquanto ele o tentava estancar com um lenço já empapado.
Estava sozinho e a dor era tão grande que pensava ter partido a cana do nariz. Entretanto viu uma senhora aproximar-se com ar preocupado. Normalmente, nestas alturas as pessoas perguntam "precisa de ajuda... quer que chame alguém?"
Mas estamos em plena época natalícia em que a solidariedade e o amor ao próximo se reforçam e estão no seu máximo esplendor.
Inquieta, a senhora chegou perto do Carlos e perguntou-lhe: "este é o piso -1 ou -2?".
O Carlos respondeu: "-1". "E onde é que fica a saída do supermercado?". "Ali".
A senhora agradeceu e foi-se embora.
 

Versão musical do Calendário do Advento. Dia 16. White Christmas - Bing Crosby


domingo, 15 de dezembro de 2013

Monstros antropomórficos

Manhã de sol e céu azul como só Lisboa tem. Não há vento, coisa rara por estes lados, a temperatura é de um fresco lavado e os plátanos largaram as folhas que enchem os passeios de tons que vão do amarelo ao ocre.

Nós vamos a caminho de uma torrada em pão de Mafra, de uma meia de leite e da leitura do jornal. Tranquilos e de coração leve.

Na nossa direcção vem mais um madrugador. Terá cerca de quarenta e muitos cinquenta anos e está vestido de fim-de-semana, classe média, normal. Como nós.

Pára à nossa frente, hesitante e embaraçado. E fala baixo, envergonhado, com os olhos a piscarem num esforço para não chorar.

Está desempregado. Não tem dinheiro e a mulher está em casa doente. Classe média, normal. Como nós.

Em Portugal há quase 900 mil desempregados. A cada desempregado estão ligadas pessoas. 900 mil dramas vezes quanto?

Fomos educados numa cultura judaico-cristã que nos transmitiu conceitos de pecado e castigo, de culpa, arrependimento e perdão. Eu aprendi a lição e por isso não perdoo a esta gente gananciosa que durante décadas, se serviu e teceu a rede de cumplicidades que atirou o país e as pessoas para o desespero.

Estas criaturas que de pessoas só têm a aparência física, arranjaram forma de escapar à Justiça dos homens, mas não escaparão à Justiça Divina nem à minha praga rogada com tanta raiva: desejo-lhes que ardam no inferno. Em vida e depois de mortas.
Afinal o dia está frio, sombrio e o chão coberto de folhas mortas e apodrecidas. Não devíamos ter saído de casa.

Versão musical do Calendário do Advento. Dia 15. Queen - Thank God it's Christmas


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Versão musical do Calendário do Advento. Dia 12 Andrea Bocelli - Adeste Fideles



Adeste, fideles, laeti triumphantes;
Venite, venite in Bethlehem.
Natum videte Regem angelorum.
Refrão:
Venite adoremus, venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum.
Deum de Deo, lumen de lumine,
Parturit virgo mater,
Deum verum, genitum, non factum.
Refrão
Cantet nunc hymnos chorus angelorum,
Cantet nunc aula caelestium:
Gloria, gloria in excelsis Deo;
Refrão
En grege relicto, humiles ad cunas
Vocati pastores approperant:
Et nos ovanti gradu festinemus.
Refrão
Ergo qui natus die hodierna,
Iesu, tibi sit gloria:

Patris aeterni verbum caro factum

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Madiba

Não importa quão estreito seja o portão
Quão pesada seja a lista de castigos
Eu sou o mestre do meu destino
Eu sou o capitão da minha alma
 
Excerto do poema Invictus de William Ernest Henley

Versão musical do Calendário do Advento. Dia 6. The Williams Brothers: 'It's the Holiday Season...'