Havia a vergonha da perseguição por delito de opinião. Havia a vergonha por não termos acesso a uma informação livre, aos livros, aos filmes. Havia quem fosse brutalmente separado da família, preso e torturado por querer o direito a ser um homem livre. Havia essa coisa terrível que é a auto-censura com a morte, à nascença, da criatividade. Desconfiava-se do vizinho, do amigo, do empregado do café.
Era-se pequenino, remediadinho, isoladinho…
“Esta é a manhã que eu esperava, o dia inicial inteiro e limpo, de onde emergimos da noite e da escuridão e livres habitamos a substância do tempo” (Sophia de Mello Breyner)
O que resta da esperança que nasceu nesses dias?
Continuamos pequeninos com a mania que somos grandes. Pobres com a mania que somos ricos e não estamos isolados porque pertencemos à Comunidade Europeia.
Temos governantes e autarcas incompetentes, subservientes face à CE, oportunistas e suspeitos de crimes de corrupção. Temos uma Justiça que não funciona excepto para deixar prescrever e arquivar processos. E condenar pilha-galinhas.
O que resta da esperança que nasceu nesses dias? Desse dia inicial inteiro e limpo?
Temos liberdade de opinião, acesso à informação e a possibilidade de substituir esta gente.
E temos netos que só conhecem os outros tempos por ouvirem contar.
É pouco? Não. É o essencial.
sábado, 25 de abril de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Temos o essencial, mas o povo portugês é muito paciente. Afinal , o Império caiu de podre. Mas acredito que os cravos estão de um vermelho mais vivo.
ResponderEliminarE eu acho que os cravos estão a descorar e a ficar com uma tonalidade rosa. Muito rosa.
ResponderEliminarpois é... antigamente a rosa estava associada a um partido que tinha uma ideologia e princípios. Agora esse partido não tem nem rosa nem cravo
ResponderEliminar