Mangas, bananas, goiabas, mamões, sape-sape, anonas, pitangas, maboques, cocos, abacates, laranjas… as doces laranjas do Loje… (pausa para agradecer a Deus e aos meus pais o privilégio de ter crescido em Angola), no que respeita à fruta esta era a minha realidade.
A meio da adolescência
apareceu no Colégio, uma colega acabadinha de chegar de Lisboa.
Branquinha, rosadinha, de
olhos azuis e laçarote no alto da cabeça. A típica “besuga”, nome que nós dávamos
às pessoas que iam da Metrópole e não tinham a nossa cor permanentemente
bronzeada.
Ficou na minha mesa e as
refeições eram uma chatice, com ela sempre a desdenhar “mamão? Que coisa mais
esquisita… não sabe a nada. Bananas, anonas, goiabas? Não gosto!”
Até que um dia nos puseram
laranjas na mesa. E a chata: “devem ser azedas”. “Não! São muito doces,
experimenta”. E a besuga a insistir “São azedas, não vêm como são amarelas?”
Então, eu cheia de uma infinita e paciente tolerância pergunto-lhe “Olha lá, de
que cor queres tu que sejam as laranjas?”. “Cor-de-laranja” responde ela.
Em 1971, acabado de chegar a Luanda, o meu "besuguinho" querido, lourinho, branquinho e rosadinho. A brincar com as laranjas amarelas.... de que outra cor haviam de ser as laranjas? |
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