Esta foi a primeira versão nos tempos dos meus vintes e tais. Não tenho quaisquer saudades do passado, mas que se fazia boa música... lá isso fazia
domingo, 31 de outubro de 2010
sábado, 30 de outubro de 2010
Não mudámos nada
Em 1896, Guerra Junqueiro escreveu "A Pátria"
“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo(…)
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter,(…)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo(…)
A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas
Dois partidos (…), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (…) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero(…)"
Leiam mais aqui
“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo(…)
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter,(…)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo(…)
A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas
Dois partidos (…), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (…) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero(…)"
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Ontem foi Natal
Um belíssimo texto de Ferreira Fernandes. Publicado hoje no DN
A frase impossível - o Natal é quando o homem quer - calhou ontem, 13 de Outubro. O cântico foi da velha chilena Violeta Parra: Gracias a la vida. Os presentes vinham num embrulho que ia e vinha e trazia sempre as letras certas: Fénix. E esses presentes eram tão raros que outrora o poeta Brecht os deu como desaparecidos. Quem construiu a Tebas a das sete portas? Para onde foram os pedreiros na noite em que ficou pronta a Muralha da China? A grande Roma está cheia de arcos de triunfo - quem os levantou? Perguntas antigas, que ontem tiveram resposta, tiveram nomes. Florencio Ávalos, Carlos Mamani, Jimmy Sánchez, Victor Zamora, Esteban Rojas... E de cada vez que um presente era aberto e um nome aparecia, as sirenas soavam e olhos alagavam-se. O poeta perguntara também: "Filipe de Espanha chorou, quando a Armada/ Se afundou. Não chorou mais ninguém?" Ontem, chorávamos todos, o filho do Florencio, a loira da Sky News, o solitário no café da Madragoa. Ontem, um dos danados da terra e desapossados de nome, mal ganhou nome, Mario Sepúlveda, o segundo da dinastia dos 33, falou por ele e por todos - cumprindo as palavras de Violeta Parra: "El canto de todos que es mi proprio canto." Pousou o bornal e tirou dele pedaços de rocha que arrancou à mina, que distribuiu. E depois disse isso em palavras: "Não me tratem como artista, sou Mario, o trabalhador mineiro."
A frase impossível - o Natal é quando o homem quer - calhou ontem, 13 de Outubro. O cântico foi da velha chilena Violeta Parra: Gracias a la vida. Os presentes vinham num embrulho que ia e vinha e trazia sempre as letras certas: Fénix. E esses presentes eram tão raros que outrora o poeta Brecht os deu como desaparecidos. Quem construiu a Tebas a das sete portas? Para onde foram os pedreiros na noite em que ficou pronta a Muralha da China? A grande Roma está cheia de arcos de triunfo - quem os levantou? Perguntas antigas, que ontem tiveram resposta, tiveram nomes. Florencio Ávalos, Carlos Mamani, Jimmy Sánchez, Victor Zamora, Esteban Rojas... E de cada vez que um presente era aberto e um nome aparecia, as sirenas soavam e olhos alagavam-se. O poeta perguntara também: "Filipe de Espanha chorou, quando a Armada/ Se afundou. Não chorou mais ninguém?" Ontem, chorávamos todos, o filho do Florencio, a loira da Sky News, o solitário no café da Madragoa. Ontem, um dos danados da terra e desapossados de nome, mal ganhou nome, Mario Sepúlveda, o segundo da dinastia dos 33, falou por ele e por todos - cumprindo as palavras de Violeta Parra: "El canto de todos que es mi proprio canto." Pousou o bornal e tirou dele pedaços de rocha que arrancou à mina, que distribuiu. E depois disse isso em palavras: "Não me tratem como artista, sou Mario, o trabalhador mineiro."
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
sábado, 9 de outubro de 2010
As Broas de Mel da Deana Barroqueiro
São deliciosas e como são pouco doces e feitas com azeite, posso abusar à vontade. E abusei! Com chá, com o café ou ao passar pelo frasco. Estava a chover a cântaros e o que pode uma mulher fazer num dia assim...?
Obrigada Deana. Não só nos dá livros maravilhosos, como também partilha connosco antigas receitas.
Quem quiser a receita, vá aqui e aproveite para seguir as Memórias de Estalo.
Obrigada Deana. Não só nos dá livros maravilhosos, como também partilha connosco antigas receitas.
Quem quiser a receita, vá aqui e aproveite para seguir as Memórias de Estalo.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Frei Fernando Ventura: políticos acordem, estamos a viver numa barraca com um submarino à porta
Não se fiquem pelo sound bite, vejam toda a entrevista. Há quem ache o Medina Carreira um pessimista profissional. Ouçam este homem da Igreja... também ele é um pessimista? Antes estes lúcidos pessimistas do que os optimistas e idiotas profissionais que nos arrastaram até aqui.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
A República faz 100 anos
Com a monarquia seria diferente? Estaríamos melhor? Só se nós, Povo, fossemos diferentes e melhores.
Por isso tanto faz.
O texto que se segue é de Alberto Gonçalves
O que fizemos para merecer isto
Anda toda a gente a divertir-se com o discurso do eng. Sócrates na Universidade de Columbia, que corre na Internet e foi expelido num inglês que não é apenas mau, como o próprio primeiro- -ministro avisou no início da intervenção, mas nem chega a ser inglês.
De qualquer maneira, em vez de parodiarem a embalagem do discurso, as pessoas fariam melhor em atentar no seu conteúdo. Não que o conteúdo encerre sentidos profundos à espera de exegese. Pelo contrário: a retórica que sobreviveu à betoneira linguística do eng. Sócrates não tem sentido nenhum. E esse é que é o problema.
Falar pessimamente inglês (ou francês, ou alemão, ou húngaro) é o menos, embora custe insistir em fazê-lo perante uma audiência letrada. Grave é, ou pode ser, o que se diz, e o que o eng. Sócrates disse em Nova Iorque consistiu numa acumulação de banalidades e patranhas sobre energias renováveis digna de um sofrível vendedor de pechisbeques. Isto é, o tipo de lengalenga a que nos habituámos a ouvir-lhe em português e para o qual estamos, feliz ou infelizmente, anestesiados. Por acaso, em "inglês" as costuras da retórica do homem notam-se melhor. E as costuras do pensamento (digamos) também. O resultado agride.
Não sei a que estado precisou o País de chegar para que o seu Governo fosse liderado por semelhante exemplar. Há pior? Certamente, que ainda não chegámos às funduras do arlequim venezuelano, agora com fato de treino patriótico. Porém, já chegámos demasiado longe, e não vale a pena alimentar ilusões: apesar do apego ao poder que o eng. Sócrates revela, apesar do egocentrismo patológico, apesar das desesperadas manhas, apesar de tudo, ele está onde está porque assim o quisemos. Porque acreditámos nas mentiras e, pior, porque desejámos acreditar nelas.
Além de nos representar formalmente, o eng. Sócrates representa com vasta propriedade a essência do que hoje somos. E a vergonha que devemos sentir dele é, em primeiro lugar, a vergonha que devíamos sentir de nós, por muito que "nós" seja uma generalização abusiva: eu não ajudei a elegê-lo.
Por isso tanto faz.
O texto que se segue é de Alberto Gonçalves
O que fizemos para merecer isto
Anda toda a gente a divertir-se com o discurso do eng. Sócrates na Universidade de Columbia, que corre na Internet e foi expelido num inglês que não é apenas mau, como o próprio primeiro- -ministro avisou no início da intervenção, mas nem chega a ser inglês.
De qualquer maneira, em vez de parodiarem a embalagem do discurso, as pessoas fariam melhor em atentar no seu conteúdo. Não que o conteúdo encerre sentidos profundos à espera de exegese. Pelo contrário: a retórica que sobreviveu à betoneira linguística do eng. Sócrates não tem sentido nenhum. E esse é que é o problema.
Falar pessimamente inglês (ou francês, ou alemão, ou húngaro) é o menos, embora custe insistir em fazê-lo perante uma audiência letrada. Grave é, ou pode ser, o que se diz, e o que o eng. Sócrates disse em Nova Iorque consistiu numa acumulação de banalidades e patranhas sobre energias renováveis digna de um sofrível vendedor de pechisbeques. Isto é, o tipo de lengalenga a que nos habituámos a ouvir-lhe em português e para o qual estamos, feliz ou infelizmente, anestesiados. Por acaso, em "inglês" as costuras da retórica do homem notam-se melhor. E as costuras do pensamento (digamos) também. O resultado agride.
Não sei a que estado precisou o País de chegar para que o seu Governo fosse liderado por semelhante exemplar. Há pior? Certamente, que ainda não chegámos às funduras do arlequim venezuelano, agora com fato de treino patriótico. Porém, já chegámos demasiado longe, e não vale a pena alimentar ilusões: apesar do apego ao poder que o eng. Sócrates revela, apesar do egocentrismo patológico, apesar das desesperadas manhas, apesar de tudo, ele está onde está porque assim o quisemos. Porque acreditámos nas mentiras e, pior, porque desejámos acreditar nelas.
Além de nos representar formalmente, o eng. Sócrates representa com vasta propriedade a essência do que hoje somos. E a vergonha que devemos sentir dele é, em primeiro lugar, a vergonha que devíamos sentir de nós, por muito que "nós" seja uma generalização abusiva: eu não ajudei a elegê-lo.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Centro Ciência Viva de Sintra
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