Esta semana a Clara Ferreira Alves escreveu sobre o país uma crónica arrepiante. E citou o poema Portugal de Alexandre O' Neill. O poema é de 1965, mas podia ser de 2010.
Fui procurá-lo e aqui está ele.
Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,
a rechinante sardinha,
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos,
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
*
Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há "papo-de-anjo" que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...
Encontrei o poema aqui
domingo, 30 de maio de 2010
Portugal, uma Praça para o Mundo
PORTUGAL, UMA PRAÇA PARA O MUNDO from Anze Persin on Vimeo.
Muito giro, mas eu dispensava as imagens do Durão e do Sócrates. Fechem os olhos entre os minutos 4:56 e 5:04. São só 8 segundos...
sábado, 29 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Lição de natação
Há tempos recebi uma mensagem com um filmezinho onde se podia ver uma criança de 2 ou 3 anos a chorar junto a uma piscina. Um adulto insistia para que a criança saltasse para a água e como ela resistia empurrou-a. À volta da piscina havia uns alarves a rir muito, enquanto o miúdo se debatia, ía ao fundo, era pescado e voltava a afundar. Descrevo a situação e não publico o filme porque a coisa era feia e violenta e aqui no Avósices não quero coisas feias e violentas.
Mas deixo um filme de uma imensa ternura em que uma mãe ensina o seu bébé a nadar. E dá uma lição de sensibilidade a muita gente.
Mas deixo um filme de uma imensa ternura em que uma mãe ensina o seu bébé a nadar. E dá uma lição de sensibilidade a muita gente.
domingo, 16 de maio de 2010
Flores
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Labradores
Os Labradores são muito vivos e cheios de energia mas com as crianças são doces e pacientes. Aqui está a Bia com o Francisco. Eram grandes amigos, brincavan dias inteiros e quando ele "abusava", ela ía-se embora. Que saudades eu tenho desta cadelinha...
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Se eu podia viver sem a máquina de fazer pão?
Podia, mas não era a mesma coisa... (estava a ver que era a única pessoa neste país que ainda não tinha dito esta frase!)
Até à semana passada vivi, quero dizer sobrevivi, mas eu não sabia, nem sequer suspeitava o que seria acordar às 6 horas da manhã (mais precisamente, ser acordada pela Ginga) e ter a casa com um delicioso cheiro a pão fresco. Estaladiço, quentinho... e depois, fazer o dois em um e juntar o perfume do café ao pão acabado de fazer, é um prazer para os sentidos que quase pode cair nas malhas da lei.
Agradeço ao Jorge e à Zé Guedes que me pegaram o vício.
E aqui está ela, a maior responsável pela minha muito provável passagem para o nº 44.
domingo, 2 de maio de 2010
Eles sabem muito...
O Vicente tem 4 anos e é um dos primos dos meus netos. É muito desembaraçado e independente: veste-se sozinho, vai à casa de banho sem precisar de ajuda, tira o leite do frigorífico e sabe preparar os cereais do pequeno almoço. Mas quando chega à hora de dormir, quer histórias e mais histórias e de vez em quando, lá vem uma birra.
Uma destas noites, a mãe disse-lhe "como é que tu que já te portas tão bem e sabes fazer tantas coisas de menino crescido, de vez em quando pareces um bebé?"
"Sabes, mãe, é que eu tenho um osso na cabeça que está a crescer para dentro do cérebro, e isso baralha-me e nessas alturas eu penso que sou um bebé".
Uma destas noites, a mãe disse-lhe "como é que tu que já te portas tão bem e sabes fazer tantas coisas de menino crescido, de vez em quando pareces um bebé?"
"Sabes, mãe, é que eu tenho um osso na cabeça que está a crescer para dentro do cérebro, e isso baralha-me e nessas alturas eu penso que sou um bebé".
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